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Como comunicar situações graves às crianças?

Em caso de situações graves, será que devemos e, se sim, como devemos falar de forma assertiva e calma com as crianças e jovens?

Assumimos que situações preocupantes e graves são todas aquelas que levam a uma mudança de rotina, tais como divorcio dos pais, morte de familiares, doenças graves incuráveis e como exemplo prático, a situação mundial que estamos vivendo, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Vivemos numa era tecnológica e somos constantemente bombardeados com informação, pelos mass média: rádio, tv, jornais, e internet. Isto faz com que seja impossível querer esconder dos seus filhos este tipo de informação.  Mesmo que evite os canais informativos e que veja só o canal Panda com as suas crianças, ao sair de casa, nas escolas, atividades ocupacionais ou desportivas, explicações, catequeses, enfim, toda uma sociedade, os seus filhos vão ouvir conversas ou mesmo visualizar filmes, informações sobre o conflito. Assim, torna-se muito importante que estas informações sejam faladas pelos próprios pais, de forma calma, organizada, sem ansiedades desnecessárias.

No caso do conflito Russia-Ucrânia podemos o comparar (simplificando claro) com a família. Família é algo que a criança conhece e entende.  Podemos dizer que, as vezes, os adultos perdem a calma e a paciência, e por isso, brigam uns com os outros. Em todas as famílias existe a figura do conflituoso ou do manipulador que pica daqui, pica dali e consegue fazer com que a família fique em guerra, falando mal uns dos outros, de costas viradas.  Podemos reforçar na criança que o que importa é que outras pessoas ajudem ao diálogo com vista a acabar com o conflito. Essas pessoas não precisam de voltar a ser amigas ou de conviver uma com a outra. Mas precisam de aprender a se respeitar e pacificar a sua relação.

Agora, caros ouvintes, há uma coisa muito importante… o adulto deve pacificar as suas emoções, ansiedades e medos. Deve passar em mente o melhor tipo de discurso, preparando-o antecipadamente. As crianças são extremamente sensíveis aos nossos gestos, ao nosso corpo, ao nosso tónus muscular. Elas captam a nossa tensão física. Por isso, devem relaxar o corpo. Respire fundo várias vezes. Rode o pescoço e os ombros devagar e amplamente. As crianças seguem aquilo que veem o adulto fazer, não aquilo que ele diz.  Sempre existiram conflitos no seio das nossas famílias, das nossas comunidades e países. A guerra, tal como a paz, fazem parte da nossa humanidade.  Podemos ensinar as nossas crianças e jovens a serem mais assertivos, proativos e humanitários. Não temos o poder de acabar com a guerra, mas todos nós temos o poder de ajudar, de acolher e lutar pela paz entre as nações.  Hoje ajudamos a Ucrânia e seu povo, amanhã podemos ser nós a ser ajudados por eles. O mundo é uma bola que rebola e quando dá a volta, às vezes, muda as coisas de sítio

Márcia Abreu Carrola

(Crónica “Descomplicando”,  Rádio Solar 94FM, Albufeira)

Sobre Marcia Abreu Carrola

Mestre em psicologia clínica. Intervenção Precoce. Psicoterapia, avaliação psicológica de crianças e adolescentes, treino de competências pessoais e sociais, programas específicos para necessidades educativas especiais, gestão de conflitos, orientação vocacional e profissional, dinâmicas de grupo, técnicas de estudo e memorização.
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